SUPERVISÃO DE ENSINO PAULISTA

managers da educação ou sujeitos da precariedade subjetiva?

Palavras-chave: Política educacional, Precariedade Subjetiva, Racionalização, Superivisão Escolar

Resumo

O presente artigo aborda a constituição e a atualidade do trabalho do supervisor de ensino vinculados ao governo do estado de São Paulo. A análise sustenta-se em estudos qualitativos desenvolvidos desde 2010 e, outro, especificamente sobre esse segmento profissional da educação. Evidencia-se a adoção pelo governo paulista da lógica empresarial, com nítidos desdobramentos no trabalho da supervisão de ensino, à medida em que a mensuração desenfreada para apresentação de resultados, por meio de instrumentos homogêneos em contextos de extrema heterogeneidade social. Destaca-se na investigação a presença da precariedade subjetiva entre os profissionais estudados, posto que contam com estabilidade no emprego, mas vivenciam cotidianamente a perda do conteúdo e do sentido do trabalho.

Biografia do Autor

Beatriz Garcia Sanchez, Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE/SP), Brasil

Mestre em educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atua como Supervisora de Ensino efetiva da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional (GREPPE).

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Publicado
30-06-2019
Como Citar
VENCO, S.; SANCHEZ, B. SUPERVISÃO DE ENSINO PAULISTA. RTPS - Revista Trabalho, Política e Sociedade, v. 4, n. 6, p. p. 133-152, 30 jun. 2019.