O MODO DE VIDA CAMPONÊS E A LÓGICA CAPITALISTA

sobre o assalariamento e a autonomia do trabalho à luz do conceito de cultura de Georg Simmel

Palavras-chave: Trabalho Rural, Proletarização, Autonomia, Subjetividade

Resumo

Este trabalho analisa em que medida a expropriação do trabalho assalariado no mundo rural pode resultar na anulação da subjetividade camponesa. A partir do conceito de cultura de Georg Simmel propõe-se refletir sobre as condições objetivas e subjetivas de trabalho que ora empurram os produtores rurais para as fileiras da proletarização, ora os estimulam a romper com as barreiras do sistema expropriação da recampesinização. Em termos metodológicos, serão expostas algumas das histórias de vida de um grupo de agricultores familiares assentados da zona rural de Petrolina-PE. De acordo com os resultados foi possível constatar que as estratégias de resistência realizadas por este grupo específico se configuram como um exemplo de autonomia, reiterando a particular singularidade do modo de vida camponês.

Biografia do Autor

Alexandre Machado Marques de Souza Sobrinho, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Brasil

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Atua como docente no Centro Universitário Brasileiro (UNIBRA), é membro colaborador do Grupo de Pesquisa "Cooperativismo e dinâmicas territoriais" do Departamento de Educação da Universidade Federal Rural de Pernambuco (DE/UFRPE).

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Publicado
30-06-2021
Como Citar
SOUZA SOBRINHO, A. O MODO DE VIDA CAMPONÊS E A LÓGICA CAPITALISTA. RTPS - Revista Trabalho, Política e Sociedade, v. 6, n. 10, p. p. 397-414, 30 jun. 2021.