TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PÓS-PANDEMIA DE COVID-19

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Políticas Públicas em Educação, Tendências em Educação

Resumo

Considerando o histórico aligeirado, precário, descontínuo e periférico da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil ao longo de sua consolidação, o presente artigo tem como objetivo identificar analiticamente as possíveis tendências para essa modalidade de ensino após a atual pandemia. Tendo em vista a retração orçamentária, o modus operandi do uso do fundo público, e a atual agenda do atual bloco no poder para a educação, os resultados indicam para a acentuação da retração das matrículas de modo acelerado e desproporcional em comparação aos demais níveis e modalidades de ensino, o aviltamento do financiamento, a reformulação das diretrizes curriculares sob o “mantra” da empregabilidade, e a continuidade da precariedade do trabalho docente na EJA.

Biografia do Autor

Rodrigo Coutinho Andrade, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Brasil

Doutor em Educação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Geografia do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, onde integra o quadro docente do Curso de Licenciatura em Geografia, do Curso de Especialização Lato Sensu em Gestão Educacional (CEGEd) e integra o Grupo de Pesquisas Sobre Trabalho, Política e Sociedade (GTPS). É membro do quadro docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ).

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Publicado
30-06-2021
Como Citar
ANDRADE, R. TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PÓS-PANDEMIA DE COVID-19. RTPS - Revista Trabalho, Política e Sociedade, v. 6, n. 10, p. p. 213-238, 30 jun. 2021.