EPÍFITAS VASCULARES DA VILA DOIS RIOS, ILHA GRANDE, RJ

ASPECTOS ECOLÓGICOS, ENDEMISMOS E CONSERVAÇÃO

Palavras-chave: áreas protegidas; biodiversidade; dossel; epifitismo; Floresta Atlântica.

Resumo

As plantas epífitas representam um dos grupos mais ricos e complexos dos neotrópicos e possuem grande importância ecológica nos ambientes. Árvores isoladas em áreas rurais ou urbanas abrigam comunidades epifíticas bastante diversas, porém poucos trabalhos tem abordado essa questão. Diante disso, o objetivo deste estudo foi inventariar a riqueza e composição de epífitas vasculares da Vila Dois Rios e descrever aspectos ecológicos, de distribuição geográfica e estado de conservação das espécies. Registramos as epífitas ocorrentes nas praças e avenidas da Vila Dois Rios, Ilha Grande, RJ, e em florestas próximas em diferentes estágios de regeneração. Foram inventariadas 85 espécies, pertencentes a 40 gêneros e 15 famílias. Bromeliaceae e Polypodiaceae foram as famílias com maior riqueza. A maioria é holoepífita, entomófila, anemocórica e endêmica da Floresta Atlântica. Três espécies são restritas à Região Sudeste e nenhuma encontra-se ameaçada de extinção, porém 73,8% não foram avaliadas quanto ao grau de ameaça. Nossos resultados reforçam que a Ilha Grande é uma importante área de conservação da biodiversidade e que a arborização urbana tem um importante papel na manutenção da comunidade epifítica. Pesquisas ecológicas populacionais sobre essas espécies devem ser priorizadas, pois são fundamentais para a elaboração de estratégias específicas de conservação.

Referências

Adhikari YP, Fischer HS, Fischer A (2012) Host tree utilization by epiphytic orchids in different land-use intensities in Kathmandu valley, Nepal. Plant Ecology 213: 1393-1412.

Ackerman J D (1986) Coping with the epiphytic existence: pollination strategies. Selbyana 9: 52-60.

Amici AA, Nadkarni NM, Williams CB, Gotsch SG (2020) Differences in epiphyte biomass and metabolism composition along landscape and within‐ crown spatial scales. Biotropica 52: 46-58.

Alves MEO, Brun C, Forno RSD, Essi L (2014) Levantamento de espécies epífitas vasculares da zona urbana do município de Palmeira das Missões, RS, Brasil. Ciência e Natura 36(3): 268-276.

Araújo DSD, Oliveira RR (1988) Reserva Biológica da Praia do Sul (Ilha Grande, Estado do Rio de Janeiro): lista preliminar da Flora. Acta Botanica Brasilica 1(2, Suppl. 1), 83-94.

Bastos, MP, Callado CH (2009) O ambiente da Ilha Grande. Rio de Janeiro: UERJ / CEADS. 562 p.

Bataghin FA, Pires JSR, Barros F, Muller A (2017) Epífitas vasculares da Estação Ecológica Barreiro Rico, Anhembi, SP, Brasil: diversidade, abundância e estratificação vertical. Hoehnea [online] 44: 172-183.

Benzing DH (1990) Vascular epiphytes. Cambridge: Cambridge University Press. 354 p.

Bernal R (2006) Estudio Metapoblacional de Tillandsia recurvata L. en el Valle de Tehuacán, Puebla [Metapopulation Study of Tillandsia recurvata L. in the Tehuacan Valley, Puebla]. Ph.D. Thesis. Universidad Nacional Autónoma de México, Mexico City.

Brazil Flora Group (2021): Brazilian Flora 2020 project - Projeto Flora do Brasil 2020. v393.274. Instituto de Pesquisas Jardim Botanico do Rio de Janeiro. Dataset/Checklist. doi:10.15468/1mtkaw

Callado CH, Barros AAM, Ribas LA, Albarello N, Gagliardi R, Jascone CE (2009) Flora e Cobertura vegetal. In: Bastos MP, Callado CH. O ambiente da Ilha Grande. Rio de Janeiro: UERJ / CEADS. pp. 562.

Centro Nacional de Conservação da Flora (2020) CNCFlora. Disponível: http://cncflora.jbrj.gov.br/portal. Acessado em 18 de março de 2020.

Cruz ACR, Nunes-Freitas AF (2017) Diversidade e conservação das epífitas vasculares da Ilha Grande, RJ. Anais do 6º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade. Disponível: http://itr.ufrrj.br/sigabi/anais. Acessado em 21 de outubro de 2019.

Cruz ACR, Nunes-Freitas AF (2019) Epífitas vasculares da mata de restinga da Praia do Sul, Ilha Grande, RJ, Brasil. Rodriguésia [online] 70: e03192017. Disponível: http://dx.doi.org/10.1590/2175-7860201970047. Acessado em 09 de novembro de 2019.

Devens KU, Geraldini APB, Amadeo RM, Caxambu MG, Magnoni PHJ (2015) Levantamento de epífitas na arborização urbana do município de Luiziana – Paraná. RevsBau 10(4): 1-11.

Dettke GA, Orfrini AC, Milaneze-Gutierre MA (2008) Composição florística e distribuição de epífitas vasculares em um remanescente alterado de floresta estacional semidecidual no Paraná, Brasil. Rodriguésia 59(4): 859-872.

Dislich R, Mantovani W (1998) A flora de epífitas vasculares da reserva da Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira” (São Paulo, Brasil). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 17: 1-83.

Flora do Brasil 2020 em Construção (2020) Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acessado em 17 de março de 2020.

Furtado SG, Neto LM (2015) Diversity of vascular epiphytes in urban environment: a case study in a biodiversity hotspot, the Brazilian Atlantic Forest. Ces Revista 29(2): 82-101.

Gama SVG, Silva LGAE, Salgado CM (2009) Geologia, relevo e solos. In: Bastos MP, Callado CH, Orgs. O ambiente da Ilha Grande. Rio de Janeiro: UERJ / CEADS. pp. 562.

Gentry AH, Dodson CH (1987) Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.

Guaraldo AC, Boeni BO, Pizo MA (2013) Specialized seed dispersal in epiphytic cacti and convergence with mistletoes. Biotropica 45: 465-473.

Guzmán-Marín R, Saldaña A (2017) Contribución del epifitismo accidental a la distribución de especies de plantas vasculares en un bosque templado lluvioso. Gayana. Botánica 74: 226-228.

Hietz P (1998) Diversity and conservation of epiphytes in a changing environment. International Union of Pure and Applied Chemistry 70: 11.

Hietz P (2005) Conservation of vascular epiphyte diversity in mexican coffee plantations. Conservation Biology 19 (2): 391-399.

Holwerda F, Bruijnzeel LA, Barradas VL, Cervantes J (2013) The water and energy etaboli of a shaded coffee plantation in the lower montane cloud forest zone of central Veracruz, Mexico. Agricultural and Forest Meteorology 173: 1-13.

Howe HF, Smallwood J (1982) Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics 13: 201-228.

Hughes L, Dunlop M, French K, Leishman MR, Rice B, Rodgerson L, Westoby M (1994) Predicting dispersal spectra: a minimal set of hypotheses based on plant attributes. Journal of Ecology 82: 933-950.

INEA - Instituto Estadual do Ambiente (2011) Parque Estadual da Ilha Grande: plano de manejo (fase 2). Resumo executivo. Instituto Estadual do Ambiente, Rio de Janeiro. 98 p.

Leitman P, Amorim AM, Sansevero JBB, Forzza RC (2015) Floristic patterns of epiphytes in the Brazilian Atlantic Forest, a biodiversity hotspot. Botanical Journal of the Linnean Society 179: 587-601.

Madison M (1977) Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 2 (1): 1-13.

Magnusson WE, Lima AP, Luizão RC, Luizão F, Costa FRC, Castilho CV, Kinupp VF (2005) RAPELD: a modification of the Gentry method for biodiversity surveys in long-term ecological research sites. Biota Neotropica 5(2).

Menini Neto L, Furtado SG, Zappi DC, Oliveira-Filho AT, Forzza RC (2016) Biogeography of epiphytic Angiosperms in the Brazilian Atlantic forest, a world biodiversity hotspot. Rev Bras Bot 39:261–273

Nieder J, Engwald S, Barthlott W (1999) Patterns of neotropical epiphyte diversity. Selbyana 20: 66-75.

Nieder J, Engwald S, Klawu M, Barthlott W (2000) Spatial distribution of vascular epiphytes (including hemiepiphytes) in a lowland Amazonian rain forest (Surumoni crane plot) of southern Venezuela. Biotropica 32: 385-396.

Nieder J, Prosperi J, Michaloud G (2001) Epiphytes and their contribution to canopy diversity. Plant Ecology 153: 51-63.

Nunes-Freitas AF, Rocha-Pessôa TC, Dias AS, Ariani CV, Rocha CFD (2009) Bromeliaceae da Ilha Grande, RJ: revisão da lista de espécies. Biota Neotropica 9(2), 213-219.

Oliveira RR, Coelho Netto AL (2000) Processos interativos homem-floresta na evolução da paisagem da Ilha Grande, RJ. Revista do Departamento de Geografia UERJ 8: 29-38.

Padilha TP, Santos JRR, Custódio SZ, Oliveira LC, Santos R, Citadini-Zanette V (2015) Comunidade epifítica vascular do Parque Estadual da Serra Furada, sul de Santa Catarina. Ciência e Natura 37: 64-78.

Padmawathe R, Qureshi Q, Rawat GS (2004) Effects of selective logging on vascular epiphyte diversity in moist lowland forest of Eastern Himalaya, India. Biological Conservation 119: 81-92.

Ramírez-Padilla CA (2008) Análisis de la Dispersión de Semillas en una Metapoblación de la epífita Tillandsia recurvata L. (Bromeliaceae) a Través del Uso de Microsatélites. [Analysis of seed dispersal in a metapopulation of Tillandsia recurvata L. (Bromeliaceae) through the use of microsatellites]. M.Sc. Thesis. Universidad Nacional Autónoma de México, Mexico City.

Ramos, FN et al. (2019) ATLANTIC EPIPHYTES: a data set of vascular and non-vascular epiphyte plants and lichens from the Atlantic Forest. Ecology 100(2).

Ramos FN, Montara SR, Elias, JPC (2021) Vascular Epiphytes of the Atlantic Forest: Diversity and Community Ecology. In: Marques MCM, Grelle CEV, Editors. The Atlantic Forest. Springer. pp. 133-146.

Richards JH, Luna IMT, Waller DM (2020) Tree longevity drives conservation value of shade coffee farms for vascular epiphytes. Agriculture, Ecosystems & Environment 301(1).

Rocha CFD, Bergallo HG, Alves MAS, Van Sluys M (2003) A biodiversidade nos grandes remanescentes florestais do Estado do Rio de Janeiro e nas restingas da Mata Atlântica. São Carlos: RiMa Editora.

Staudt MG, Lippert APU, Cunha S, Becker DFP, Marchioretto MS, Schmitt JL (2012) Composição florística de epífitos vasculares do Parque Natural Municipal Tupancy, Arroio do Sal, RS, Brasil. Pesquisas, Botânica 63: 177-188.

Trapnell DW, Hamrick JL, Nason JD (2004) Three-dimensional fine-scale genetic structure of the neotropical epiphytic orchid, Laelia rubescens. Molecular Ecology 13: 1111-1118.

Vander SB, Longland WS (2004) Diplochory: are two seed dispersers better than one? Trends in Ecology and Evolution 19: 155-161.

Zotz G (2016) Plants on plants - the biology of vascular epiphytes. Cham, Springer International Publishing. 282 p.

Publicado
20-07-2021
Edição
Seção
Artigos