O QUE OS EMPRESÁRIOS QUEREM DA EDUCAÇÃO?
IPES e CONEPEs na ditadura empresarial-militar brasileira
Resumo
O presente artigo se propõe a analisar os diferentes interesses que mobilizaram as frações do empresariado brasileiro em torno dos rumos da política educacional da ditadura empresarial-militar, após o golpe de 1964. Entendendo que a classe burguesa não se constitui como um bloco monolítico, serão colocadas em perspectiva as defesas para a educação dos empresários ligados à indústria, a partir do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), e dos empresários de ensino, organizados nos Congressos Nacionais dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (CONEPEs), tendo em vista a compreensão de suas diferenças. Essa proposta parte da análise de que as principais consequências da política educacional da ditadura empresarial-militar brasileira foram a vinculação da educação com interesses do mercado e o favorecimento à privatização do ensino. Compreendendo a ligação dessas consequências com os interesses das frações burguesas em análise, buscamos mostrar como as defesas do IPES e dos CONEPEs, ainda que heterogêneas, se mostraram conciliáveis na composição de um projeto que se materializou na realidade educacional.
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